Vacinação: ciência, responsabilidade e compromisso com o coletivo

Em tempos de reconstrução da confiança pública na ciência, defender a importância da vacinação vai além de um posicionamento técnico. Trata-se de reafirmar valores fundamentais como o compromisso com a vida, a responsabilidade social e a confiança no conhecimento científico. Como educadores, temos o dever - e também a oportunidade - de contribuir ativamente nesse processo.

Nos últimos anos, o Brasil enfrentou uma preocupante queda nos índices de vacinação, especialmente entre o público infantil. O cenário começou a mudar em 2024. Dados do Ministério da Saúde mostram que 15 das 16 principais vacinas do calendário infantil voltaram a registrar crescimento, após anos consecutivos de baixa cobertura. A vacina contra a poliomielite, por exemplo, passou de 67,7% para 100% de cobertura no último ciclo vacinal, e a primeira dose da tríplice viral - que protege contra sarampo, caxumba e rubéola - saltou de 80,7% para 96,3%. São avanços importantes, mas que ainda exigem vigilância, continuidade de políticas públicas e, sobretudo, mobilização social.

A vacinação é uma das maiores conquistas da medicina moderna. Graças a ela, a varíola foi erradicada, e a poliomielite está prestes a ser eliminada. Segundo a Organização Mundial de Saúde, de 2 a 3 milhões de mortes são evitadas a cada ano em todo o mundo por causa da imunização. No entanto, não se trata apenas de proteção individual: vacinar-se é um gesto de solidariedade, pois ajuda a proteger também os mais vulneráveis - como recém-nascidos, imunossuprimidos e idosos - por meio da imunidade coletiva.

Ainda assim, a desinformação segue como um obstáculo real. Pesquisas da Fiocruz apontam que mais de 70% dos brasileiros já foram expostos a fake news sobre vacinas nas redes sociais. Essas mensagens, muitas vezes travestidas de preocupação legítima, fragilizam a confiança na ciência e colocam em risco conquistas sanitárias de décadas.

É aqui que o papel dos professores universitários se destaca. Independentemente da área de atuação, todos temos em comum a missão de formar cidadãos críticos, conscientes e comprometidos com o bem comum. Promover o diálogo, incentivar o pensamento baseado em evidências e combater a desinformação são formas diretas de contribuir com a valorização da vacinação e da saúde pública.

Vacinar-se, hoje, é mais do que um ato de proteção pessoal: é uma escolha ética. Ao apoiarmos e divulgarmos campanhas de imunização, ajudamos a preservar vidas, fortalecer o sistema de saúde e reafirmar a confiança na ciência. Que possamos, como educadores, ser também agentes ativos na defesa da saúde coletiva.

 

 

Professora Márcia Kamei, bióloga, doutora em Biologia Celular, docente pela Unicesumar no curso de Medicina.

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