Análise das eleições 2020 em Maringá

Professora Tania Tait escreve sobre o resultado das eleições municipais no último domingo (15). Ela analisa o resultado dos votos em candidatas a vereadoras que Maringá obteve. Segundo ela, a maioria do eleitorado feminino não respondeu ao chamado da forma como deveria: votou em homens.

Uma análise das eleições 2020 em Maringá sobre as candidatas a vereadoras

Por Tania Tait

Passada a comemoração e a ressaca eleitoral, vamos aos dados das eleições 2020 em Maringá no tocante as mulheres candidatas a vereadoras.

Num total de 279.506 eleitores maringaenses, foram as urnas 195.581 para vereadores, com 175.542 votos em candidatos a vereadores, 11.870 brancos e 9.169 nulos.

As mulheres candidatas a vereadoras tiveram 34.147 votos. Das 130 candidatas, apenas duas foram eleitas, o que cobriu a vergonhosa lacuna de uma legislatura sem mulheres. No entanto, se nos ativermos aos dados, continuamos no mesmo patamar antes desta atual legislatura.

Para ilustrar a votação das candidatas, vamos grupar por quantidades de votos.  A metodologia usada foi o acesso ao site www.tse.jus.br e realizada contagem manual, de cada candidata. Depois, procedeu-se a soma automática e a conferência.

Duas candidatas obtiveram mais de 2000 votos, sendo que uma não foi eleita devido o coeficiente eleitoral. Quatro candidatas fizeram mais de mil votos e uma delas foi eleita. Na sequência, tem-se uma candidata com 999 votos.

Entre 760 e 639 votos, foram 10 candidatas. Na faixa de 500 votos, foram 6 candidatas. Em torno de 300 votos foram 15 candidatas e em torno de 200 votos, foram 9 candidatas. No agrupamento com variação de 198 a 100, foram 30 candidatas. Abaixo de 100, a partir de 91 votos até 0 votos, foram 53 candidatas, sendo destas, 28 com menos de 50 votos.

A saída das mulheres candidatas continua girando em torno dos 30% de mulheres candidatas, para cumprir a lei. Na votação, obtivemos, no total, menos de 30% (20%) ou seja, num leitorado de 54% de mulheres, a maioria esmagadora votou em candidatos homens.

A despeito do trabalho árduo e competente realizado pelo Movimento Mais Mulheres no Poder e das entidades ligadas aos direitos da mulher em Maringá, a maioria das mulheres não respondeu ao chamado da forma como deveria.

É claro que temos a comemorar a volta das mulheres vereadoras para a Câmara Municipal de Maringá. No entanto, precisamos avançar mais e começar esse trabalho urgente.

Alguns pontos precisam ser trabalhados. Primeiro, torna-se necessário compreender a motivação das mulheres que não veem nas mulheres candidatas suas representantes e, além de escolher, fazem campanha para homens.

Outro elemento relevante é a retomada da campanha pelo aumento da quantidade de vereadores na Câmara, que pela lei pode chegar a 23 em Maringá. A propaganda de que “aumentar o número de vereadores, aumenta os gastos” não se sustenta mais, pois o orçamento é o mesmo.  

Maringá possui 279.506 eleitores aptos a votar. A cidade conta com mais de 420.000 habitantes. O aumento da quantidade de vereadores aumenta a representatividade na Câmara e possibilita que mais mulheres possam ser eleitas.

Além disso, é necessário intensificar a força das mulheres dentro dos partidos para que as mulheres saiam efetivamente candidatas, com condições de disputar e, não apenas para cumprir a cota de gênero.

Temos o que comemorar sim, mas, com os pés no chão, sabendo que ainda há um grande caminho a ser trilhado para que haja representatividade igualitária entre mulheres e homens na política.

Fonte: Blog de Tania Tait (professora e escritora)

Acesso em, 22/11/2020, em: http://www.taniatait.com.br/2020/11/uma-analise-das-eleicoes-2020-em.html

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