HÁ RACISMO NO BRASIL: O QUE PODEMOS FAZER?

“Ser antirracista é uma luta diária que precisa se expandir, ser prática e não ficar apenas nas falas horrorizadas ou na negação do racismo estrutural."

Foto: reprodução internet.

Por Marivânia Conceição Araujo 

A maioria de nós sabe que em novembro é o mês da Consciência Negra, período em que diferentes ações ocorrem na mídia e escolas, como por exemplo: discutir a situação da população negra no país, apresentar as estatísticas relacionadas às desigualdades raciais, lembrar os nomes de pessoas negras que contribuíram para a nossa história, encenar peças cujos personagens são negros/as entre outras... A partir dessas discussões podemos constatar que a sociedade brasileira é racista, trata de forma desigual a população negra em todos os aspectos, ou seja, no mercado de trabalho (cujos salários são menores e o desemprego é maior entre negros/as), na educação (a evasão escolar é maior entre os negros/as), na mídia (é baixa a presença de negros/as nas TVs, cinema, propagandas), dados da violência (a violência contra as mulheres negras aumentou no último ano, por exemplo). Esses são alguns dados que estão disponíveis em páginas oficiais como o IBGE.

A análise sobre a realidade do nosso país revela as profundas desigualdades entre os grupos raciais, mostra inúmeras práticas discriminatórias e racistas contra negros/as desde a sua infância, mas o que podemos fazer? Como reverter esse quadro que tem profundas raízes históricas e tem sido a base para impedir a ascensão social e econômica da maioria das pessoas negras? Como pessoas brancas podem aderir à luta contra o racismo? Numa só pergunta: como ser antirracista?

Apresento algumas sugestões para aqueles que querem participar da luta antirracista:

1 – Esteja consciente de que o Brasil é um país racista. Leia sobre o assunto, observe os dados que fazem o recorte racial, busque informação (há muitos títulos em diferentes áreas do conhecimento, entre eles recomendo a coleção coordenada pela filósofa Djamila Ribeiro “Feminismos Plurais” da Editora Pólen).

2 - Tenha empatia com quem se diz vítima do racismo. Pessoas negras vivenciam o racismo diariamente, ou seja, elas sabem do que estão falando, mesmo que aparentemente a situação se mostre como comum ou ausente da reprodução do racismo.

3 – Eduque seus filhos para a igualdade entre as pessoas: facilite o contato delas com crianças negras, trate pessoas negras com o mesmo respeito que você trata pessoas não negras, sabendo, por exemplo, seu nome.

4 – Apresente livros com protagonistas negros/as para seus filhos: eles precisam crescer sem pensar que são superiores, que há beleza e humanidade em todas as pessoas. Para facilitar, segue o link para uma lista com 100 livros infantis: https://www.geledes.org.br/100-livros-infantis-com-meninas-negras-50100-parte-i/.

5 - Não reproduza “brincadeiras” racistas, elas não são engraçadas e ferem muito as pessoas negras, mesmo quando elas dizem não se importar. Procure piadas e brincadeiras que não sejam ofensivas.

6 – Atue na luta contra o racismo de modo direto. Quando perceber que está havendo uma situação de racismo, interfira, denuncie, não deixe a pessoa negra sozinha nesse momento.

  A lista seria longa, porém meu objetivo não é cansar meus leitores. Trata-se de lançar luz, mais uma vez, sobre o racismo como um problema a ser resolvido por todos/as e não só pelas pessoas negras. Ser antirracista é uma luta diária que precisa se expandir, ser prática e não ficar apenas nas falas horrorizadas ou na negação do racismo estrutural.

É preciso ser antirracista, se perguntar o que tem feito para diminuir o racismo que está presente ao seu redor e agir! Nas palavras de Angela Davis: “Não basta não ser racista, é preciso ser antirracista! ”

Maringá, 22 de novembro de 2020.

Professora da Universidade Estadual de Maringá - Marivânia Conceição Araujo (Doutora em Antropologia pela UNESP/Araraquara).

 

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