Os 30 anos do DCE

Cliping 23-02-11
Prof. Reginaldo Benedito Dias
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O Diretório Central dos Estudantes da UEM, criado no final de 1980, completou 30 anos de idade. Com a volta às aulas, a entidade organiza uma série de eventos comemorativos. As entidades representativas precisam zelar pela memória de sua experiência para consolidar e renovar identidades em torno de seus objetivos.

Daí a importância da série de eventos programados pelo DCE. Na política, mais do que festejar, é sempre convidativo refletir sobre o significado da experiência à luz dos desafios atuais. Nesse aspecto, o movimento estudantil tem de enfrentar singular desafio, dada a rotatividade do corpo discente. Os protagonistas de determinada experiência não estarão disponíveis, em poucos anos, para dar seu testemunho e servir de suporte vivo da memória, na medida em que estarão se dedicando, alhures, ao exercício de suas atividades profissionais.

As entidades, por isso mesmo, precisam constituir suportes permanentes da memória de suas experiências. Farei parte de uma das mesas de debates da programação, dedicada ao resgate da história dos primórdios da entidade, ao lado de dirigentes da época. Embora tenha sido militante do movimento no período de 1983 a 1987, minha presença nos debates justifica-se mais pelos meus vínculos acadêmicos com sua história.

Realizei duas pesquisas a respeito da história do movimento estudantil da UEM, com incursões no período das faculdades que existiam antes e serviram de suporte à sua criação. Em 2000, condensei as pesquisas no livro “Uma universidade de ponta-cabeça”, publicado por ocasião do vigésimo aniversário do DCE. Recentemente, foi promovida uma reedição ampliada.

O livro pode ser entendido tanto como uma história do movimento estudantil da Universidade Estadual de Maringá quanto como uma história da UEM a partir da ótica do movimento estudantil. Com o limite cronológico em 1987, a narrativa destaca as lutas estudantis pela democratização da universidade e pela gratuidade do ensino. A UEM tem a característica de ser uma instituição pública e gratuita, mas nem sempre foi assim.

Fundada em 1969, nasceu como universidade pública, mas tinha, por conta das políticas dos governos do período, de cobrar mensalidades para completar o seu orçamento. Além disso, como o país vivia sob o tacão da ditadura militar, sofreu com os influxos da legislação castradora do período.

O processo de democratização e de implantação da gratuidade do ensino não se realizou de forma linear e indolor. Supôs luta política. Foi somente em 1987, no contexto de lutas da comunidade universitária, que o governo estadual negociou a implantação da gratuidade do ensino, vigente a partir de 1988. Do período da criação da UEM até 1987, o ensino pago restringia sua dimensão pública.

Com a introdução da gratuidade do ensino em 1988, houve ampliação de sua natureza pública e de seu caráter democrático. Espécie de refundação da instituição, essa transformação tornou-se um valor para a universidade, bússola para o conjunto de suas políticas. Trata-se de uma conquista a ser defendida.

É alentador constatar que os 30 anos de história do DCE da UEM foram caracterizados pela defesa da universidade pública, democrática, gratuita e de excelência. Há muito para comemorar. Nas próximas semanas, escreverei sobre alguns episódios importantes.

(Pulbicado no Entrelinhas de O Diário).

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