Intolerância - Aduem se solidariza com professor da UEM agredido por motorista de aplicativo

INTOLERÂNCIA - A Aduem se solidariza com o professor da UEM, Marcos Danhoni Neves, agredido na última quarta-feira,16, com um soco por um motorista de aplicativo. O motorista teria ouvido em silêncio a conversa, dentro do carro, do professor com a filha adolescente a respeito do aumento do gás de cozinha e, ao estacionar o veículo, teria chamado o professor de “vagabundo”, em seguida o atingiu com um soco.

 

Por Celene Tonella

Os grandes institutos de pesquisa pelo mundo, ao realizarem pesquisas de opinião acerca da qualidade da democracia, incluem, para além dos requisitos tradicionais como eleições periódicas, transparência, amplo direito ao voto e liberdade de imprensa, o binômio tolerância/intolerância. O argumento é que não basta que estejam garantidos os elementos procedimentais para que se reconheça uma democracia consolidada. A prática cotidiana de seus cidadãos e cidadãs no que se refere ao respeito e civilidade para com a opinião alheia, para com os que pensam diferente, acaba por compor indicadores de aferição de quanto um país é democrático ou não.

Temos visto o exponencial crescimento da intolerância entre os brasileiros nos últimos anos, e mais especificamente, após a eleição de Bolsonaro, com toda a carga de estímulo a armamentos, a práticas conservadoras e de ameaça ao Estado de Direito, para resumirmos o atual momento da vida pública.

Em 2020 o país se chocou com a morte por espancamento em um supermercado no Rio Grande do Sul de João Alberto Freitas. Muitas foram as reações, mas a escalada de violência cotidiana parece provocar uma apatia coletiva e torna inevitável a lembrança de trechos do famoso do poema de Bretch:” ...  também não me importei. Agora estão me levando. Mas já é tarde”. Como eu não me importei com ninguém. Ninguém se importa comigo. “

Mais um caso acende o alerta acerca do ódio motivado por diferença de opinião. Referimo-nos a absurda perseguição e agressão sofridas pelo nosso colega da Física, professor Marcos Danhoni, desencadeada por criticar, no interior de um veículo de aplicativo, o estratosférico preço do gás de cozinha, no dia 19 último. A pergunta banal é: quem nunca comentou assuntos do cotidiano no interior de um táxi ou transporte por aplicativo? Certamente, reconhecemo-nos na situação em tela. A Aduem presta inteira solidariedade ao colega e espera a punição adequada do agressor por parte das autoridades.

A capacidade exprimir nossa indignação é uma chave, inclusive política, para transformações sociais e de ampliação da democracia neste país.

 

Celene Tonella é docente dos Programas de Pós-Graduação em Ciências Sociais e de Políticas Públicas, também secretária geral da Aduem (gestão de 2021-2023).

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