Percepção da profissão docente

 Por Luciano Gonsalves Costa* 
A Qual a percepção pública sobre o professor? Certo ou errado, a imagem pública que se formou da profissão docente foi a de que "professor trabalha muito, ganha pouco e não é valorizado". E, apesar do reconhecimento notório da educação como condicionante do progresso social e econômico do País, essa representação sobreviveu ao tempo e parece não mais causar constrangimentos ao poder público.

Veja-se que, na educação básica (ensinos fundamental e médio), criado em 2008 pela lei federal 11.738, o piso salarial nacional do magistério público para 40h por semana foi recentemente atualizado de R$ 1.187,00 para R$ 1.451,00; em 2010, era de R$1.024,00.

No sistema público estadual de ensino superior do Paraná, o salário base de um professor com graduação unicamente e para jornada semanal de 40h é de R$ 1.808,82. Por isso é perfeitamente compreensível e legítimo o sentimento de indignação externado pela comunidade docente universitária, frente ao nível da remuneração praticada atualmente nas IES públicas paranaenses!

Ainda, somente nos últimos anos é que teve início a ampliação da oferta de cursos de licenciatura nas universidades públicas, o que igualmente demonstra esse desprestígio do magistério.

Qual é a motivação dos jovens pela carreira docente? De acordo com as conclusões da pesquisa "Atratividade da carreira docente no Brasil" (Gatti et. al., 2009), o exercício profissional do magistério não é algo atraente aos egressos do ensino médio. Os estudantes reconhecem o trabalho como nobre, mas difícil, sem prestígio social e financeiramente desinteressante.

Dados do Inep/MEC revelam uma escassez de 235 mil professores para o ensino médio até o fim desta década, especialmente nas áreas de Física, Matemática, Química e Biologia. Se por um lado há a necessidade de 55 mil professores de Física, por outro, os cursos de licenciatura em Física formaram apenas 7.200 professores entre 1990 e 2001.

Em um sentido semelhante, a Universidade de São Paulo (USP), a maior universidade pública brasileira, titulou, em 2001, só 172 professores para lecionar nessas disciplinas: 42 em Biologia, 52 em Física, 68 em Matemática e 10 em Química. Portanto, a probabilidade da reversão desse "Apagão do Ensino Médio", mesmo em médio prazo, é muito pequena.

E o que dizer sobre um novo padrão de qualidade para a nossa educação? Distintos fatores concorrem para o estabelecimento da qualidade dos serviços educacionais, dentre esses: investimentos em infraestrutura, inovações didáticas, condições de emprego e trabalho, engajamento discente, qualidade do trabalho docente, desburocratização, modernização da gestão, entre outros.

Ademais, a exposição dos professores à violência escolar é uma realidade e dados da CNTE apontam altos índices de afastamento docente por problemas de saúde e de faltas por problemas de exaustão. Assim, o aprimoramento do atual padrão de qualidade educacional se transformou num desafio colossal.

Por fim, fora das escolas e das universidades, quais as vozes que saem em nossa defesa? Que forças políticas suprapartidárias estão comprometidas conosco Quando daremos passos definitivos para destituir essa imagem desoladora da profissão docente?

Luciano Gonsalves Costa*

* Professor-doutor do Departamento de Física da Universidade Estadual de Maringá (UEM) e presidente da Associação dos Docentes da UEM (Aduem).

 

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